Agricultores familiares e assentados da reforma agrária poderão financiar equipamentos para geração de energia solar e eólica por meio do “Mais Alimentos”, linha de crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), destinada a fortalecer a infraestrutura produtiva.
Termo de cooperação foi firmado no último dia 25/11/15 entre a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) e o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).
Devido ao baixo impacto ambiental, por serem renováveis e de geração limpa, esses dois tipos de energia (solar fotovoltaica e eólica) têm ganhado crescente espaço no esforço de diversificação da matriz energética brasileira, necessidade urgente por causa da escassez de água e da crise no setor hidrelétrico.
SEGMENTO DE MERCADO
Presidente da Comissão de Minas e Energia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o deputado Gil Pereira (PP) ressalta que a iniciativa, estabelecida entre as duas entidades e o ministério, abre novo segmento de mercado para os setores fotovoltaico e eólico.
“As vantagens da energia fotovoltaica são evidentes. Além do aspecto ambiental altamente positivo, inclui-se a criação de empregos de qualidade na sua cadeia produtiva. A irradiação solar média no Brasil é o dobro da verificada na Alemanha, onde são produzidos 44% da energia solar da Europa. O Norte de Minas detém o 4º melhor ponto solar do nosso País”, compara Gil Pereira.
Ao adquirirem os equipamentos de geração de energia fotovoltaica por meio do programa, os agricultores familiares financiarão o material com condições de crédito diferenciadas em relação ao mercado. O diretor-executivo da Absolar, Rodrigo Sauaia, destaca aspectos positivos do acordo, como a redução da principal dificuldade do pequeno consumidor: o investimento inicial nos equipamentos de energia solar fotovoltaica.
“O investimento necessário é quase todo no início, porque a vida útil das placas fotovoltaicas é de 25 anos, com pouca manutenção. Com a parceria, esperamos ter mais geração de energia no campo, trazer produtividade e agregar valor para os pequenos agricultores”, declara Rodrigo Sauaia.
Ao ser utilizada no campo, a energia solar ajuda a aumentar a produtividade em condições ambientalmente corretas. “São condições com uso de fonte renovável, sem emissões de poluentes. A energia fotovoltaica vem para contribuir com o ganho de produtividade, através de tecnologia ambientalmente sustentável. As aplicações no meio rural são variadas, a exemplo dos sistemas de irrigação, aeração e iluminação”, cita o diretor-executivo da Absolar.
IMPACTO SOCIAL
A presidente executiva da ABEEólica, Elbia Silva Gannoum, ressalta que uma das principais características da energia eólica (obtida a partir do vento), além da sua geração limpa, é agregar valor e gerar outra fonte de renda para os estados produtores.
“No Rio Grande do Sul, por exemplo, nos parques eólicos prosseguem o cultivo de arroz e a criação de gado, agora com a renda extra do arrendamento das máquinas geradoras. O efeito multiplicador das energias renováveis vai além do contexto energético, pois há o impacto social. Somente a energia eólica gerou milhares de postos de trabalho relacionados à produção, manutenção e operação dos equipamentos”, detalha Elbia Gannoum. Além do desenvolvimento regional e econômico, afirma ela, vai contribuir também para o crescimento da agricultura familiar, ao assegurar energia elétrica e água, por meio de sistemas de irrigação e bombeamento.
NORTE DE MINAS
Em Ibiracatu, no Norte de Minas Gerais, a energia solar é usada para potencializar a irrigação das hortaliças na propriedade de José Carlos Ferreira Mendes, conhecido como Zé Baixinho. Para aperfeiçoar a captação de água das cisternas, o produtor adquiriu sistema de energia solar. “A placa fotovoltaica é instalada sobre a cisterna, gerando energia elétrica para a bomba retirar água da caixa e levar até as hortaliças. O Norte de Minas tem muito sol, sendo a região ideal para utilização de placas solares. É economia a mais. Antes a conta de luz chegava a R$ 150,00. Agora, com a placa solar, o custo é zero. Com o dinheiro posso investir no plantio ou em veículo para facilitar na comercialização dos produtos. Há ainda a preservação do meio ambiente, essencial à vida no campo”, explica Zé Baixinho.
PROGRAMA
O “Mais Alimentos” constitui linha de crédito do Pronaf, que financia infraestrutura produtiva para a agricultura familiar: aquisição de máquinas, equipamentos e implementos agrícolas. O programa oferece crédito a juros de 2% a 5,5% ao ano, com até três anos de carência e prazo para pagamento de até dez anos. São financiados projetos individuais de até R$ 300 mil e coletivos de até R$ 750 mil.